quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A ditadura do choro

Alguém me disse a determinada altura que, a partir do momento em que Ela nascesse acabaria o meu sossego, o tempo para mim. Reconheço que é verdade! Nestes últimos meses quase que me anulei em prol d'Ela. O meu tempo é total e integralmente gerido em seu redor: a hora de mamar, a hora de dormir, a hora de brincar, hora do banho.
De início foi complicado! Eu tomava banho a correr, cozinhava a correr, comia a correr e até dormia a correr, tal era o sobressalto em que vivia, totalmente manipulada pelo choro d'Ela. A determinada altura até pensava que ela tinha um sensor incorporado para avisar sempre que eu estivesse a fazer algo que não fosse relacionado com Ela. Sim, confesso que por algumas vezes apeteceu-me fugir. Bolas, eu também queria fazer outras coisas, sair de casa... quer dizer, Ele pode, n'é? e eu? depois de ter saído de casa dos meus pais há tantos anos, estava a ser manipulada por uma ditadorazinha de meio metro!
Entretanto, o tempo foi passando, Ela já se habituou a mim e eu a Ela, parecemos amigas de há vários anos...
Agora já consigo encarar melhor a tarefa a tempo inteiro, deste contrato a termo incerto, cujas negociações começaram dificies, mas acabaram tão simples de engendrar.