quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O meu encontro com ela



Há muito que sabia que ela existia: já a tinha sentido (e foi algo indescritivelmente estranho), já tinha ouvido o seu coraçãozinho, agora ía vê-la, conhece-la, cheira-la.
Não foi como nos filmes, não a colocaram nos meus braços - eu estava atada á maca ( deviam temer que eu fujisse), chegaram-na á minha cara e eu chorei! Chorei profusamente! Chorei de alegria, chorei de agradecimento, chorei pela sua inocência, chorei pela sua perfeição sei lá... se calhar chorei também por achar que o pior já tinha passado.
Depois, colocaram-na perto de mim... um pedacinho de mim...foi especial! De repente eu era a pessoa mais forte do Universo, quais agulhas, quais cateteres...eu era uma MÃE.
E ali fiquei eu, remechida daqui e dali mas sem conseguir tirar os meus olhos daqueles outros mais pequeninos que iniciavam agora a sua incursão, ainda névoa, neste Mundo.

O dia "P"

Chegou aquele dia... o dia do parto, o dia "P"!
Estava espantosamente calma quando passei a porta das urgências. Conversei com o médico, conversei com a enfermeira. Tomei o duchezinho da prache e vesti aquelas camisas "tras-pr'a frente".
Quando vi as enfermeiras aproximarem-se com a agulha e o cateter, tremi, mas pensei...bem, vais já começar? Este deve ser o minímo dos teus problemas... Custou, mas acho que fui forte (desculpem lá, as minhas mãos não são propriamente almofadas para alfinetes e cinco "picas"...ai!
Entretanto ele chegou ao pé de mim e ali ficou, sempre a apoiar-me, mesmo quando eu me ía a baixo. Íamos acompanhando o ritmo dela e conversando de tudo um pouco para ver se o tempo passava e se me abstraía do que realmente se estava a passar.
De vez em quando lá vinha o médico, e tal..."splash" ainda não está. Até que ficou decidido, ela tinha de sair e não valia a pena adiar mais. CESARIANA!!!
Ele teve de sair. Ai, ai ai que vai ser agora! Pânico!
Acaminho da sala de partos, pensei na minha mãe, pensei nas minhas avós. Acreditem: eu não sou muito religiosa,mas rezei quase um terço completo.
A única coisa que saía dos meus lábios para o pessoal que lá estava era: eu tenho muito medo!